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Diário de Bordo

09/07/2015
Hoje parto para um grande desafio: Clinical Practicum Group of the Summer Residential Training Program – GATLA em Ljubljana – Eslovênia.
Quem tem me acompanhado sabe o valor desse desafio para mim!
Vou cheia de alegria e expectativa e também com um “super frio na barriga”!
Espero conseguir ir dando notícias por aqui!

 

“Não somos o resultado do que nos aconteceu, mas sim da forma como reagimos ante tais circunstâncias”. Isso “transfere o foco da prática terapêutica do conteúdo da experiência para a maneira de reagir frente a ela, especialmente no que se refere aos padrões fixos e repetitivos de reação”. Alejandro Spangenberg _ Um Caminho de Volta Para Casa – 2006.

123 TÉCNICAS DE PSICOTERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

123_tecnicas-terapiaA técnica utilizada como um instrumento mecânico não se presta senão para a manipulação da situação; porém, quando utilizada como uma real necessidade do momento de um indivíduo ou de um grupo, pode se transformar numa obra de arte.
A escolha da técnica adequada é importante para atingir os objetivos terapêuticos desejados. Nessa escolha, é necessário levar em conta o padrão de funcionamento do cliente, a colocação adequada das consignas, o tempo e o espaço de que se dispõe e a vivência do terapeuta.

Autora: Solange Maria Rosset
Colaboradoras: Luana Herek, Nádia Regina Soutier Fontanella e Taís Fittipaldi Bergstein.

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A MENINA E A FONTE MÁGICA

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A MENINA E A FONTE MÁGICA

“A Menina e a Fonte Mágica” é um livro sensível e delicado que trata das relações entre as pessoas. É uma estória infantil, mas que pode beneficiar qualquer adulto que venha a lê-lo, com uma criança ou sozinho.
No desenrolar da estória, Mimi, uma garota de 8 anos que tem dificuldades no relacionamento com seus colegas, encontra a fada Cristal que a ensina sobre como é possível reconhecer, conscientizar-se e trabalhar as próprias emoções, buscando um caminho de crescimento, através do exercício da aceitação das diferenças entre as pessoas.
Com isso, Mimi consegue não somente lidar melhor com as suas emoções e adequar suas reações, mas também, ajudar e ensinar seus colegas. O último capítulo do livro é escrito pela Psicóloga Luana Herek, e é direcionado aos pais e professores que, parando para refletir sobre sua forma de funcionar e se relacionar com as pessoas, podem ajudar as crianças a fazerem o mesmo.

Autoras: Luana Herek e Giulia Herek Rossi.

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COMO NÃO SER INVISÍVEL

Hoje tive uma experiência muito interessante durante meu pedal. Cruzei a cidade toda indo do Mossunguê ao Jardim Social. Na ida, pedalei por ruas sem sinalização para tráfego de bicicleta e quase fui atropelada. Fiquei louca da vida, alcancei o motorista no sinal vermelho e comecei meu discurso sobre como é importante o respeito no trânsito. Ele me olhou com a cara mais lavada do mundo e disse que eu devia estar fora do juízo, pois ele não havia passado por mim. Ou seja, apesar tenha uma luz piscando no meu capacete vermelho, assim como na minha bike, ele não me viu!

Na volta peguei a Avenida Sete de Setembro a partir do Mercado Municipal, na Via Calma Compartilhada. E minha surpresa ao ver que, com raras exceções, o motorista em Curitiba está respeitando a sinalização! Em determinado momento, uma Van que estava atrás de mim, foi me seguindo bem devagar, esperando o momento de me ultrapassar com segurança. Paramos juntos no sinaleiro e agradeci! Agradeci pelo respeito e pelo cuidado. Interagi e agradeci a vários outros motoristas que tiveram a mesma atitude até a Praça do Japão, quando inicia a ciclovia.

Um mistura de esperança, alegria e orgulho tomou conta de mim, vendo que é possível sim, com a sinalização adequada, que apaga nossa invisibilidade, a convivência pacífica e respeitosa entre carros e bicicletas!

Parabéns Danilo Herek, Parabéns SETRAN, Parabéns Gustavo Fruet e toda sua Equipe, Parabéns Curitiba!!!!

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Hoje tive uma experiência muito interessante durante meu pedal… Na volta peguei a Avenida Sete de Setembro a partir do Mercado Municipal, na Via Calma Compartilhada… convivência pacífica e respeitosa entre carros e bicicletas!

Parabéns Danilo Herek, Parabéns SETRAN, Parabéns Gustavo Fruet e toda sua Equipe, Parabéns Curitiba!!!!

CERTAS COISAS DE QUEM TEM CERTA IDADE…

Luana Herek (Fev/2006)

Na casa dos 20 anos, eu costumava brincar, falando nostalgicamente: “Ah! Meus 40 anos…”. E quando perguntavam minha idade, respondia: “Tenho 25, Ah, mas quando eu chegar aos meus 40…”.
Quase como castigo para minha língua zombeteira, os 40 anos estão chegando, muito mais rápido do que eu esperava. Chegando não, (a quem eu quero enganar) chegaram! Estão batendo na minha porta, todos eles, e entrarão com tudo no próximo mês. Para mim são os 40, mas para você pode ser os 30, os 50, os 60, os 70, os 80….
A notícia veio de repente, num dia comum e silvestre. Numa consulta de rotina, minha ginecologista me deu, como se fosse à coisa mais natural do mundo, uma requisição para realizar uma mamografia. Pra que? “Quando a gente chega numa certa idade, é preciso investigar outras questões em nosso organismo”.
Na semana seguinte foi à vez do oftalmologista. A mesma história sem dó nem compaixão: um pedido de exame escabroso com a mesma justificativa, “quando a gente chega numa certa idade…”
Fiz piada, dei risada: “Cheguei numa certa idade!”.
Percebi então, que nos últimos tempos rondavam minha cabeça certas coisas que não haviam se aproximado antes, ou se haviam, eu sempre fiz questão de deixá-las na pasta de itens menos urgentes, pois teria muito tempo pela frente para lidar com elas.
Essas certas coisas, de gente que tem uma certa idade, visitam campos variados: começa com uma fútil e exagerada preocupação com a aparência (Todas aquelas coisas com nomes horrorosos: ruga, manchas e todas as “ites” e “oses” que de uma forma ou de outra, sempre estiveram ali, mas agora começam a saltar aos olhos), passa pela avaliação do que já foi feito na vida e chega fatalmente num levantamento do que está por realizar.
Uma constatação é brutal: a sensação de que o tempo é curto, “it is now or never”! Tudo com o que você flertava e ia pensando que um dia iria fazer, quando tivesse tempo, tem que ser aqui e agora! (Como Fritz Perls estava certo!).
Simplesmente porque a finitude mostra a cara. Seus pais, se estiverem por aí, começam a dar sinais de cansaço, de peso, de limitações: não querem mais dirigir em viagens longas, tem a voz mais fraca, o andar mais arrastado a conversa menos ágil.
Seus filhos estão com uma autonomia invejável (que você nem sonhava ter na idade deles) e deixam claro que logo, logo você será, na melhor das hipóteses, um ator coadjuvante, e por conseqüência, um ser livre de tantos cuidados e obrigações.
É, e você começa a ficar com medo do tempo que vai sobrar e que você poderá utilizar para fazer todas aquelas coisas que você jurou, só não fazia, porque não tinha tempo. É a queda magistral do álibi de tantos anos, que começa a desmoronar como um castelo de areia sendo levado pelas ondas. E não adianta se desesperar e tentar segurar, a areia vai escorrer por entre os seus dedos.
Por outro lado, você não precisa mais fazer muitas coisas das quais não gosta, pode se dar ao direito de escolher entre uma série de possibilidades. Não que as escolhas não estivessem sempre à disposição, mas numa “certa idade” menos coisas nos distraem.
Está armada a arapuca. Existe um intervalo angustiante entre a perda dos álibis e a re-ação. Sabemos que precisamos reagir, mas em que direção? O que realmente importa na vida?
Que pergunta difícil, de respostas inusitadas. Se nos permitimos tempo para reflexão e nos perguntamos com mais freqüência o “pra que” de nossas ações, reagimos menos compulsivamente.
Começa a emergir o vislumbre de um equilíbrio entre a disciplina do trabalho (para perseguir e atingir as metas) e a espontaneidade da criatividade no dia-a-dia (para não deixar escapar as oportunidades que se apresentam), para que tudo não se torne tão controlado que fique preso e nem tão solto que caia no descontrole. É a tensão ideal que deve estar presente no tecer do tear.
As prioridades vão se modificando, a ansiedade é menor. Não sei se menor ou se nos acostumamos mais a ela e não entramos em pânico. Descobrimos que a busca das coisas ordinárias, não são objetivos suficientes para justificar a nossa existência. E então pensamos que temos de recomeçar, fazer algo novo, que de prazer, que envolva, que faça diferença na vida das pessoas.
É preciso coragem. Coragem para não fechar os olhos diante de todas as percepções e sinais. Coragem para não jogar fora essa nova oportunidade de se rever, reinventar e refazer.
Se você está achando esse papo muito doido, ou não tem a menor idéia do que estou falando, não se preocupe, você não chegou naquela certa idade!

OS DESAFIOS DE SER UM TERAPEUTA RELACIONAL SISTÊMICO

Luana Herek

1ª. Jornada de terapia Relacional Sistêmica – Mesa redonda “Os desafios de ser um Terapeuta Relacional Sistêmico” – Curitiba – 21 de Março de 2009.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a comissão organizadora do evento pelo convite para participar desta mesa. Desde que recebi o convite, fiquei pensando sobre o que eu iria falar pra vocês, sem ser repetitiva.
Busquei luz no ultimo livro da Solange Rosset, onde estão todos os conceitos da terapia relacional sistêmica e pensei que segui-los por si só, principalmente quando tentamos não somente aplicá-los aos nossos clientes, mas também a nós mesmos, já é um grande desafio.
Em seguida comecei a pensar em meus desafios pessoais como terapeuta relacional sistêmica, entre tantos desafios que enfrentei e enfrento como profissional, escolhi um para refletir sobre: o desafio da construção da relação entre o terapeuta e o cliente, a construção de um relacionamento terapêutico baseado em compromisso, franqueza e igualitarismo. Terapeuta e cliente como companheiros de viagem, nas palavras de Irvin Yalom, um termo que suprime as distinções entre eles (os aflitos) e nós (os que curam), já que estamos todos juntos nisso e não existe nenhum terapeuta e nenhuma pessoa imune as tragédias da vida. O reconhecimento de que somos simplesmente humanos.
É extremamente importante cuidarmos da nossa relação com o cliente: como estamos hoje? Como esta o espaço entre nós hoje? Se não checamos constantemente o ponto de vista do cliente, podemos nos enganar profundamente. Os clientes enxergam as horas da terapia de uma forma muito diferente da do terapeuta.
Provavelmente todos nós já fomos surpreendidos com algum comentário parecido com esse: “Uma vez você me falou algo que eu nunca vou esquecer….” e você jamais lembra de ter feito esse comentário, pois para você não foi nenhuma intervenção brilhante, mas para o cliente, foi algo muito poderoso.
As opiniões dos clientes sobre os acontecimentos que foram importantes, geralmente são acontecimentos relacionais. Uma cliente me relatou algumas sessões depois, o quanto eu tinha feito por ela, o quanto tinha se sentido acolhida, em um dia quando acabou a luz em meu consultório e tivemos que descer as escadas com uma lanterna que eu tinha, e como chovia muito e meu carro estava na garagem do prédio, eu lhe dei carona até seu carro que estava na rua, um pouco mais distante. Esse acontecimento teve grande impacto sobre ela e muitos desdobramentos.
O terapeuta e o cliente não vivenciam a mesma experiência durante aquela hora da sessão. É extraordinariamente difícil saber o que o outro realmente sente. Essa é uma preocupação muito atual de David Burns. Ele mostrou no ultimo evento da Fundação Milton Erickson em San Diego, uma pesquisa que vem realizando através de um questionário que aplica nos clientes antes e depois de cada sessão de terapia. Esse experimento tem demonstrado algumas coisas surpreendentes:
1) A precisão na percepção que o terapeuta tem sobre os sentimentos do cliente em termos de severidade dos sintomas: varia de 0 -10%.
2) A precisão na percepção que o terapeuta tem da aliança terapêutica entre terapeuta e cliente em termos de empatia, ajuda terapêutica, sentimentos negativos: varia de 0 -10%.
3) Quantos clientes desistem antes do tempo da terapia? 57% dos clientes desistem antes de alcançar algum objetivo terapêutico.
Talvez não possamos usar questionários como David, mas podemos usar estratégias de aproximação como sugere Yalon? A questão é: como podemos de fato construir e manter uma relação útil com o cliente?
Os problemas interpessoais do cliente se manifestarão no aqui e agora do relacionamento terapêutico. Um estímulo pode provocar reações diversas entre os diferentes clientes: como o cliente nos cumprimenta, como ele tenta esticar a hora, como ele inspeciona o ambiente ou critica nosso consultório, etc, são informações valiosas, situações cotidianas que se repetem na relação cliente-terapeuta. Através desse olhar relacional podemos descobrir no aqui e agora o que existe de disfuncional nas interações do cliente e seu ambiente.
Quando existe a pontuação de algo na relação entre o terapeuta e o cliente, algo que esta acontecendo entre eles, se pode usar essas observações no trabalho para que o cliente faça as conexões desse mesmo padrão com outras experiências que lhe são familiares. A melhor forma de aprendermos sobre nós mesmos e sobre nosso comportamento é pela participação pessoal na interação, combinada com a observação e analise dessa interação.
Nossos próprios sentimentos como terapeutas são dados preciosos, que podemos usar para nos guiar, ou se for útil para o cliente, fornecer-lhes nossas impressões através de um feedback eficiente mas delicado.
Com isso, podemos ajudar os clientes a diminuir o ponto cego, ou seja diminuir a distancia entre como ele se vê e como os outros o vêem. Também na terapia e através do feedback do cliente, o terapeuta também tem a chance de diminuir seu ponto cego, principalmente se dirigir sua escuta para as observações que se originam no aqui-e-agora e estão concentrados nos sentimentos gerados no cliente e não em interpretações ou suposições.
A auto-revelação do terapeuta deve ser cuidadosa, e usada sempre para que se cumpra o objetivo do cliente e nunca a agenda do terapeuta. A revelação do terapeuta gera a revelação do cliente.
Danny Kahneman and Amos Tversky ganharam um nobel, por descobrirem que não somos seres racionais, descobriram que o nosso pensamento não é lógico e matemático e sim ocorre num procedimento de solução por tentativa e erro.
Eles verificaram que as pessoas respondem de acordo com a forma como a questão é colocada, chamaram isso de efeito de enquadramento. A relação terapêutica é uma grande oportunidade para novos enquadres.
Alguns dos problemas de interpretação do comportamento humano frente ao risco esta relacionado com o funcionamento das pessoas, que tomam decisões com base em avaliações subjetivas de probabilidades que provavelmente são muito diferentes das probabilidades reais.
De acordo com os resultados de uma pesquisa que foi realizada, as pessoas subestimaram a probabilidade de morte por causa natural e superestimaram as probabilidades de morte por causas não naturais. Isso indica que provavelmente as pessoas dão mais atenção à preocupação com perigos não naturais do que a preocupação com perigos naturais.
Então se o desafio da construção da relação terapêutica passa pela necessidade do cliente e do terapeuta diminuírem seu ponto cego, passa pela possibilidade de as pessoas enxergarem de forma diferente mudando o enquadramento, e passa pelo contato do cliente com avaliações mais objetivas dos riscos que envolvem suas escolhas para que ele possa fazer escolhas mais conscientes, voltamos ao nosso feijão com arroz: desenvolver dentro e através da relação terapêutica a conscientização, levantar as aprendizagens necessárias e fazer as mudanças desejadas.
Para mudança é necessário energia e motivação, e nem sempre é essa pessoa que aparece no consultório. Existe duas coisas que motivam os seres humanos: coisas que queremos evitar e coisas que queremos alcançar.
É importante que o processo de mudança seja baseado em um processo de pequenos passos. Qualquer mudança feita ou qualquer novo elemento, por menor que seja, introduzida no padrão quebra o padrão e pode produzir mudanças maiores.
Quebrar padrões são formas de iniciar mudanças, principalmente se não consideramos os problemas como entidades fixas, mas sim como processos e padrões que podem ser mudados a qualquer momento.
Mudança é: “… um processo evolutivo. Raramente é revolucionário. É uma viagem de muitos passos – mas não começa até você dar o primeiro.” Knaus

O MAL BUSCA A VERDADE

Jean Felipe Felsky

É a 23ª noite seguida que choro, mas nenhuma lágrima corre de meus olhos, não, é sempre sangue que deles vertem. Pela 23ª noite eu sinto a dor de estar morto, embora ainda vivo. Não, tampouco vivo eu estou, meus órgãos já não funcionam. Não respiro, não como e não bebo, a minha única fome é a de sangue. Depois daquele dia em que ele apareceu e bebeu de mim nada foi como antes. E o desgraçado ainda me abandonou sem sequer dar explicações e com uma terrível maldição. Não, ele me deixou com a minha fome, somente. Normalmente, eu me escondo e fujo, ninguém pode saber o que sou. Mas, hoje preciso de ajuda. Eu não posso viver e não-viver assim. Eu tinha algumas opções: ir à polícia, mas eles acabariam me prendendo e viraria pó na primeira manhã na cela. Quem sabe, poderia ir à igreja, mas, diabos, nunca acreditei na igreja ou Deus, não seria agora que me curvaria à eles. Enfim, minha esposa me abandonou me acusando de estar louco. Talvez esteja mesmo, talvez a única pessoa que possa me ajudar seja um psicólogo.
Chego no consultório da Dra Luana pouco antes das vinte horas, não podia ser mais cedo nesse verão que faz com que o dia se estenda ao máximo, mas também não poderia exigir mais tarde do que isso. Sou atendido pela própria doutora, uma mulher alta, magra, bonita, de cabelos curtos e loiros e de olhar forte e penetrante. Sorridente, me convida a entrar. Muito elegante e gentil me faz sentar. Claramente notou minha extrema palidez, mas nada comentou.
Ela inicia com perguntas normais: qual seu nome, sua idade, e logo chega na que eu justamente esperava: O que você faz?
— Eu sou um vampiro — pronuncio cada palavra correta e pausadamente e espero por sua reação. Sem hesitar ela faz algumas anotações em seu bloco de notas e prossegue com as perguntas:
— Você quer dizer que desgasta as pessoas que estão ao seu redor, sugando-lhes a energia?
— Não doutora, o que quero dizer é que rasgo-lhes a pele com meus dentes e tomo-lhes o sangue até a morte — não sei se o que mais a espantou foi a resposta em si, ou a frieza com que lhe falei.
— Doutora, não vamos poder continuar desta maneira, deixe-me lhe mostrar — Concentrando-me um pouco, faço meus caninos aparecerem e puxo as sombras de todos os cantos do aposento, tornando-o muito mais escuro. Não sei como, mas elas sempre me obedecem. Só sei que agora ela está com medo, talvez não precisasse ter feito isso, mas preciso ter certeza que ela acredita e que me leva a sério. Assim, sei que tenho sua atenção. Prossigo:
— Doutora, eu sou o que sou e faço o que digo, mas preciso de ajuda! Eu choro toda a noite, sinto uma dor incomparável, tenho fome e não posso mais sobreviver com o peso das mortes nas minhas costas!
— Mas, meu Deus, você nem deveria existir se o que você afirma for verdade. Por favor, me conte como foi o início desta tragédia, me dê detalhes. Talvez, ela ainda tenha esperanças de que eu seja apenas um maluco muito criativo. É difícil quebrar um paradigma assim tão grande, mas tenho que respondê-la, pois a verdade é a única que pode me salvar. Mandei as sombras voltarem aos seus lugares e retraí meus caninos.
— Faz 23 dias, ou melhor, noites. Era um dia comum, como tantos outros. Fiz hora extra no serviço e saí tarde da noite. No caminho para casa sentia algo estranho, mas não conseguia definir o que era. Num beco mais escuro, ele surgiu de repente e me atacou, me levou ao chão, me segurou e me puxou por uma porta no fim do beco. Era uma salinha tosca e suja, parecia um antigo depósito. Ali, ele cravou seus longos caninos em meu pescoço e bebeu de meu sangue. Eu ia morrer, eu sabia. Enfraqueci e logo fechei os olhos. Senti uma dor terrivelmente aguda no peito e vi a famosa luz branca com uma indescrítivel beleza. Sentia que estava prestes a deixar meu corpo, quando ele lentamente cortou seus pulsos e me deu de beber. Senti outra dor agonizante, muito mais forte. A luz começou a sumir lentamente, minha alma ainda tentava alcançá-la, mas era como se a dor que sentia mantivesse-a presa ao meu corpo. Parece que fiquei uma eternidade ali; toda minha vida passava em flashes diante dos meus olhos. Finalmente, a dor venceu. Senti minha alma subitamente voltar ao meu corpo. A luz sumiu e, com uma sensação imensa de tristeza, acordei. Levantei, agora como vampiro. Estava só. O desgraçado que fizera isso comigo desapareceu. Sai daquele beco imundo e vi o mundo com novos olhos. Tudo era maravilhosamente lindo; o reflexo da luz na poça, as minúsculas gotículas de chuva e até a placa do carro que eu conseguia ler a quase três quarteirões de distância. Os sons da noite me inundavam e sentia o sabor da leve brisa que soprava em todo o meu corpo. Passado o deslumbramento da minha nova condição comecei a perceber que havia algo errado. Antes, não chovia e a noite estava muito abafada, nem mesmo as estrelas que antes via com tanta clareza encontrava nos céus. Não, o tempo não podia ter virado tão bruscamente assim. O que estava acontecendo eu não sabia, mas precisava voltar para casa. No caminho, uma sensação que nunca havia sentido me tomou; uma terrível sensação de tristeza, melancolia e solidão, mas muito mais intenso, quase palpável, quase física, quase como se fosse… fome. Para o meu desespero, quando cheguei em casa descobri que era exatamente a última, uma sensação que se tornou constante. Ao abrir a porta, minha esposa me aguardava, extremamente nervosa. Acusava-me de ter ficado mais de um dia fora de casa, perguntando onde estava e o que havia acontecido. Eu nada entendia, mas tudo começou a fazer sentido. Eu havia ficado um dia inteiro abandonado naquele beco e levara um dia para voltar à vida. Enfim, eu tentava explicar-lhe e ela não acreditava, mas é claro; quem iria acreditar numa história bizarra dessas? Discutimos e no meio da confusão ela se cortou, um pequenino corte, mas o suficiente para me transformar em outra pessoa. Quando vi aquela pequena gota de sangue, aquele sentimento voltou com muito mais força, me dominou e a ataquei. Eu ataquei a minha própria esposa! Não sei como ela conseguiu juntar forças para me tirar de cima dela e sangrando saiu de casa correndo, neste momento voltei a mim e chorei pela primeira vez. Naquela noite rolei minhas primeiras lágrimas de sangue. Deixei-lhe um bilhete e sumi, pois temia em atacá-la novamente. De lá para cá, vago pela noite procurando alimento e esconderijos sombrios — a psicóloga ouvia atentamente a tudo que eu dizia e fazia várias anotações. Quando viu que havia terminado meu relato, ela prosseguiu:
— Realmente é uma história e tanto, mas e as suas vítimas? Elas não são sempre fatais? Você pode não matar? Mas, mesmo assim você me disse que mata e se arrepende. Não seria mais fácil não matar e não ter do que se arrepender? Como você as escolhe e como fez para não ser pego até hoje?
— Bem, doutora, não é fácil. Quando a fome está no controle, você não para. Você quer sempre mais, aquilo te faz bem, aquilo é prazeroso. Mas, só enquanto ela está no controle, depois disso eu choro. Pensando nisso, eu tentei me enganar, escolho minhas vítimas sempre na escória, procuro por bandidos e traficantes. Pessoas que talvez aliviem um pouco mais a minha consciência, mas de qualquer maneira ainda são pessoas. Pessoas que talvez não chamem tanto a atenção da polícia e por isso eu ainda não fui pego, mas no fim é mais um ser humano que perde a vida. Eu fiz uma mãe e um pai chorarem, talvez uma esposa e alguns filhos e, com certeza, eu junto deles, todas as noites.
— Então, não mate. Este é o momento de você ficar no controle. Essa noite, meu Deus, não acredito que estou falando isso, quando você for se alimentar, procure uma pessoa como a sua esposa, uma mulher que lhe faça lembrá-la. Você não vai querer matá-la. Talvez, isso te dê forças para frear seu ímpeto e você vai aprender aos poucos como segurar essa sua terrível fome.
— Doutora, você não entende, não há força nesse mundo que pare a minha fome.
— É claro que não entendo, quantos vampiros você acha que aparecem no meu consultório? Não entendo, mas nós temos que fazer algo para você ficar melhor, para superar tudo isso. Você não pode mais ser um assassino.
Nesse momento, percebo que ela jamais poderá me ajudar, nenhum mortal poderá. Sendo assim, tudo fica claro e sei o que devo fazer. Novamente convoco as sombras e falo com firmeza, marcando bem as palavras.
— Doutora, você tem razão, você não pode me ajudar, pois não me entende. Você ouviu todos os meus segredos, mas mesmo assim não pode me ajudar. Porém, venha aqui, sei o que fazer, lhe darei os melhores meios para entender…

FIM

PSICODIAGNÓSTICO E DIAGNÓSTICO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

Artigo Publicado na revista: Psicologia Argumento. Curitiba, v.21, n.32, p. 17-21, janeiro.

Janice Ornieski de Souza
Luana Herek
Wanda Maria Faria Giroldo

Resumo
Diversos autores foram fonte de estudo para lançarmos a reflexão sobre a complexidade, importância, utilidade e necessidade de se fazer diagnóstico psicológico no processo psicoterapêutico, buscando compreender o sofrimento humano.
A diferenciação entre os termos diagnóstico psicológico e psicodiagnóstico é descrita, assim como vários critérios que devem ser observados para se alcançar um resultado de qualidade.

Abstract
Many authors were the source of study to throw the reflexion about the complexity, importance, utility and necessity of the psychological diagnose in the psychotherapy process, trying to comprehend the human suffering.
The differentiation between these terms psychological diagnosis and psycho diagnosis is described, as well various criteria that must be observed to reach a quality result.

Na tentativa de compreender o ser humano, diferentes olhares vêm construindo a história do diagnóstico que teve início com a descrição dos afetos e humores, passou pelos testes de personalidade e inteligência chegando ao DSM. A partir daí, a importância da reflexão sobre a complexidade da questão do diagnóstico se coloca, deixando espaço para novas possibilidades.
De forma geral, os psicólogos reconhecem a importância, a utilidade e a necessidade de categorizar, de buscar semelhanças e diferenças na compreensão do sofrimento humano. Por outro lado, existe o receio em comprometer a individualidade das pessoas, classificando-as.
Muitos autores já escreveram sobre o processo do diagnóstico de diferentes formas e para diferentes fins. E ainda, existe a necessidade de esclarecer e diferenciar o termo diagnóstico, que muitas vezes se confunde com psicodiagnóstico.
De acordo com ARZENO (1995), psicodiagnóstico é diferente de diagnóstico psicológico, pois todo psicodiagnóstico pressupõe a utilização de testes, enquanto no diagnóstico psicológico esses instrumentos nem sempre são necessários ou pertinentes.
Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso. (CUNHA, 2000, p. 26).
O objetivo do processo psicodiagnóstico segundo OCAMPO (1981), é descrever e compreender a personalidade total do paciente, os aspectos do passado, presente e futuro. É um processo limitado no tempo que enfatiza a investigação dos sintomas e as características da indicação, através de técnicas como: entrevista semidirigida, técnicas projetivas, entrevista de devolução.
Um psicodiagnóstico completo e corretamente administrado, na visão de ARZENO (1995), permite estimar o prognóstico do caso e a estratégia e/ou abordagem terapêutica mais adequada para ajudar o cliente. As entrevistas diagnósticas vinculares familiares são de grande utilidade para decidir entre a recomendação de um tratamento individual, vincular ou familiar.
O psicodiagnóstico para CUNHA (2000), deve partir de um levantamento de hipóteses a serem confirmadas ou refutadas, através de um processo pré-determinado e objetivos específicos. O processo estabelece um plano de avaliação, num tempo previamente contratado entre paciente ou responsável e o psicólogo. Este plano define os instrumentos necessários, como testes e técnicas, de que forma e quando utilizá-los, baseado nas hipóteses formuladas inicialmente.
Os dados obtidos através da bateria de testes e técnicas, deverão ser analisados, interpretados e integrados com as informações da observação, da história clínica e pessoal, chegando ao diagnóstico e prognóstico do caso. A partir daí os resultados são comunicados a quem de direito.
No processo de operacionalização CUNHA (2000), ressalta a necessidade de considerar os comportamentos específicos do psicólogo e os passos do diagnóstico de acordo com o modelo psicológico de natureza clínica.
Segundo VAN KOLCK (1984), as técnicas projetivas devem ser consideradas como um instrumento para o diagnóstico psicológico. Defende que uma técnica não vai trazer em si o diagnóstico, mas poderá representar importante contribuição. Outros procedimentos como observação e entrevistas, também devem ser considerados.
O reconhecimento da qualidade do psicodiagnóstico tem relação com a escolha adequada dos instrumentos, com a capacidade de análise e a inter-relação dos dados quantitativos e qualitativos, tendo como ponto de referência às hipóteses iniciais e os objetivos do processo. Isso aponta para a competência do profissional, que é o psicólogo clínico e é fundamental que ele consiga exercer bem essa tarefa.
Ao elaborar um psicodiagnóstico é imprescindível considerar as verdadeiras razões que motivaram o encaminhamento. Para CUNHA (2000), o processo pode ter um ou vários objetivos, dependendo dos motivos do encaminhamento, conforme resumo no quadro abaixo:

Objetivos
Especificação
Classificação simples O exame compara a amostra do comportamento do examinando com os resultados de outros sujeitos da população geral ou de grupos específicos, com condições demográficas equivalentes; esses resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente como em uma avaliação de nível intelectual.
Descrição Ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças de escores, identificando forças e fraquezas e descrevendo o desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits neuropsicológicos.
Classificação nosológica Hipóteses iniciais são testadas, tomando como referência critérios diagnósticos.
Diagnóstico diferencial São investigadas irregularidades ou inconsistências do quadro sintomático, para diferenciar alternativas diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da patologia.
Avaliação compreensiva É determinado o nível de funcionamento da personalidade, são examinadas as funções do ego, em especial a de insight, condições do sistema de defesas, para facilitar a indicação de recursos terapêuticos e prever a possível resposta aos mesmos.
Entendimento dinâmico Ultrapassa o objetivo anterior, por pressupor um nível mais elevado de inferência clínica, havendo uma integração de dados com base teórica. Permite chegar a explicações de aspectos comportamentais nem sempre acessíveis na entrevista, à antecipação de fontes de dificuldades na terapia e à definição de focos terapêuticos, etc.
Prevenção Procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de sua capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, estressantes.
Prognóstico Determina o curso provável do caso.
Perícia forense Fornece subsídios para questões relacionadas com “insanidade”, competência para o exercício das funções de cidadão, avaliação de incapacidades ou patologias que podem se associar com infrações da lei, etc.
Fonte: Cunha, in Taborda, prado-Lima & Busnello, 1996, p.51 (reproduzido no livro Psicodiagnóstico-V com autorização da Editora)
Na visão de VAN KOLCK (1984), caminha-se cada vez mais, no sentido de chegar a um “modelo psicológico” de diagnóstico:
… essa evolução vem se processando aceleradamente nos últimos anos: em vez de buscar o(s) sintoma(s) para enquadrar em uma síndrome e dar um rótulo, procura-se chegar a uma descrição e compreensão da personalidade com ênfase na dinâmica do caso. Não devemos esquecer que a identificação de indícios patológicos e a descrição de síndromes podem auxiliar como uma linguagem conhecida sobre a qual se trabalha, mas não se pode tomá-los como rótulo. (VAN KOLCK, 1984, p. XII).
A psicologia clínica, num primeiro momento, se associa à idéia de doença, pois como coloca AUGRAS (1981), descende em linha direta da psicopatologia e não consegue disfarçar a evidência da filiação. Não haveria problema nisso se a psicologia clínica conseguisse tornar-se autônoma, se elaborasse os seus próprios conceitos e a sua linguagem específica.
Outro ponto a considerar segundo ADRADOS (1980), é a necessidade de isenção de qualquer preconceito por parte do psicoterapeuta sobre o estado de saúde do indivíduo a examinar, não forçando qualquer tipo de desajuste.
Afirma que: “… todos os seres humanos, por maior que seja seu comprometimento emocional ou mental, têm recursos de forma que, se ajudados possam vir a superar seus problemas”. (ADRADOS, 1980, p. 37).
Para essa autora existe a necessidade de olhar o ser humano inserido num contexto, num sistema socializado, dando ênfase aos aspectos positivos de sua personalidade, observando o ego e sua força, vulnerabilidade, normalidade ou patologia.
Essa perspectiva, embora muito importante, não preenche todos os requisitos necessários à prática psicoterapêutica, que exige formas de diagnóstico que auxiliem na direção da intervenção e no processo.
Em função dessa necessidade, muitos psicoterapeutas se dedicaram em buscar uma ferramenta específica que contemplasse as exigências de uma avaliação na prática clínica, agregando os objetivos psicoterapêuticos de longo prazo.
Em seu livro Processo, Diálogo e Awareness, YONTEF (1998) escreve que o termo diagnóstico teve origem em duas palavras gregas, que significam “saber” e “por meio de ou entre”. Num significado mais amplo, refere-se a distinguir ou discriminar.
Um bom diagnóstico clínico está na base de qualquer trabalho, segundo ARZENO (1995). Diagnóstico pode ser compreendido sempre que se explicita a compreensão sobre um fenômeno. Se o psicoterapeuta é consultado, fica caracterizada a existência de um problema, alguém sofre ou está incomodado e a verdadeira causa deve ser investigada.
O objetivo do diagnóstico segundo VAN KOLCK (1984), é buscar uma compreensão efetiva e humana da pessoa por meio de uma descrição dinâmica, em que a etiologia do quadro também seja considerada. Para essa autora não é objetivo do diagnóstico psicológico catalogar o sujeito, tampouco enumerar os elementos constitutivos de sua personalidade.
Diagnosticar é discernir os aspectos, características e relações que compõe um todo. “Quando procuramos ler determinado fato a partir de conhecimentos específicos, estamos realizando um diagnóstico no campo da ciência ao qual esses conhecimentos se referem”. (TRINCA, 1984, p. 01).
Identificar e explicitar o modo de existência do sujeito no seu relacionamento com o ambiente, em determinado momento, é uma forma de diagnosticar. “O diagnóstico procurará dizer em que ponto de sua existência o indivíduo se encontra e que feixe de significados ele constrói em si e no mundo”. (AUGRAS, 1981, p. 12).
O cliente manifesta a sua realidade de várias maneiras diferentes. Para AUGRAS (1981), a manifestação se dá a partir da sua fala, onde são trazidas as suas vivências, a sua história, o seu corpo, a sua estranheza, o seu fazer-se. O diagnóstico apreende o indivíduo em sua realidade e esse processo é fruto da co-autoria entre cliente e psicoterapeuta.
Diagnosticar é uma condição do conhecimento e não uma opção. Para VAN KOLCK (1984), é importante chegar a um todo integrado de significados que forneçam uma compreensão dinâmica da personalidade do indivíduo.
“O fato é que a prática e a teoria se alimentam mutuamente. Uma não se desenvolve sem a outra, não podendo haver desvinculação e nem subordinação total entre elas”. (ANCONA-LOPES, 1984, p. 10).
A prática psicológica deve ser claramente articulada a uma teoria na reflexão de ROSA (1995), que defende:

Abster-se do diagnóstico é ficar a mercê de critérios imponderáveis, do senso comum, das emoções e preconceitos, da ideologia. Tanto a teoria como suas conseqüências práticas devem ser expostas à crítica, à revisão e, se necessário, ao abandono, quando não se fizerem mais consistentes. Dessa forma a psicologia se torna uma prática regulada, regida por princípios claros. As boas intenções ou o desejo de fazer o bem não são práticas psicológicas. (ROSA, 1995, p. 62).
Muito embora, a forma e os modelos de diagnóstico se mostrem variados, o que se evidencia é a necessidade e a importância de se fazer uso do diagnóstico ou do psicodiagnóstico num trabalho psicoterapêutico.
A preocupação em preservar a singularidade de cada cliente, não os limitando a conceitos pré-estabelecidos, aparece com destaque como um ponto comum a todos os autores estudados.
Compreender como o indivíduo se desenvolve, de que maneira o seu funcionamento efetiva sua existência a partir de uma realidade fenomenológica é diagnosticar e parece ser condição necessária para o profissional auxiliar seu cliente no seu processo de conscientização, aprendizagem e mudança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADRADOS, I. Manual de Psicodiagnóstico e Diagnóstico Diferencial. Petrópolis: Vozes, 1980.
ANCONA-LOPES, M. Contexto geral do diagnóstico psicológico. In: TRINCA, W. Diagnóstico Psicológico. São Paulo: EPU, 1984.
ARZENO, M. E. G. Psicodiagnóstico Clínico: novas contribuições. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
AUGRAS, M. O ser da compreensão: fenomenologia da situação de psicodiagnóstico. Petrópolis: Vozes, 1981.
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico-V. 5a. Ed. rev. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
OCAMPO, M. L. S. O Processo Psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1981.
ROSA, M. D. Considerações sobre a polêmica do diagnóstico na psicologia. Psicologia Revista. São Paulo, set. 1995.
TRINCA, W. Diagnóstico Psicológico. São Paulo EPU, 1984.
YONTEF, G. M. Processo, Diálogo e Awareness. São Paulo: Summus, 1998.
VAN KOLCK, O. L. Testes projetivos gráficos no diagnóstico psicológico. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda. – EPU, 1984.